�Obra-prima ou grande fraude? Provavelmente, as duas coisas. Terrence Malick entrou, definitivamente, na categoria de artista infectado de si mesmo. Se começar a sentir tonturas, vamos nos entendendo. O inglês é muito mais engolado mesmo. E, além disso, é inglês, que sempre dá mais utilidade. Imagina-se a Alec Guinness declamándolo e, claro, chorando.
O filme, no final, é tudo com a mesma convicção que fica em nada. É para nos compreender, tão conscientemente grande que não cabe. Tão grande como a Palma de Ouro, que não houve outra que conceder. Questão de grandeza. Provavelmente, o maior dos empenhos, com a permissão de ‘2001, uma odisséia no espaço’, o que se tem enfrentado um simples e mortal cineasta: a história inteira da vida.
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Tão orgulhosa e confiante de si que é capaz de oprimir, de namorar e fugir com idêntica força. Lembre-se, trata-se de um projeto em que o diretor começou a pensar há 40 anos e que já passou por cinco montadores confrontados com quilômetros e quilômetros de celulóide. Inicia o filme com uma sinfonia em que cabe tudo. Assim, vemos como os vulcões lançam chamas, os planetas emitem luzes de cores, os rios se desbocan, as galáxias ‘galaxean’ e, atentos, alguns dinossauros aúllan (ou o que quer que façam os iguanodontes).
É, ou deve ser, a história do tempo; talvez da mesma vida. Mas, cuidado, não de uma parte dela, mas de toda ela. O bruto. Pelo meio, uma família, com Brad Pitt à cabeça, é objecto de um debate contra as misérias, também, da vida e que, necessariamente e como parte indissolúvel de ela, a morte.
O problema não é a perfeita composição de imagens, mas o descuido. A narração navega sem rumo entre uma composição anárquica de frases perdidas proferidas em ‘off’ com a nada velada intenção de profundidade. Custe o que custar. Graças a Deus, não. De repente, o filme pára, abaixa o ritmo lírico e ilumina-se.
Por fim, aparece o diretor obsessivo e profundo na descrição de personagens que dar à luz obras-primas como ‘Badlands’ ou ‘além Da linha vermelha’. Não à toa, o Quixote, por colocar o maior exemplo à mão, não é outra coisa senão a história de um louco, e Hamlet, por colocar outra vez o maior exemplo à mão, também. Também é de amarrar, queremos dizer.
De passagem, as duas histórias são muito mais, mas de entrada não são nada mais do que os contos vagabundos de dois homens sozinhos. E não faz falta mais. Malick, no entanto, está convencido de que o excesso de clareza resta profundidade. Assim que adiciona todos os cortes deixados sobre a mesa da National Geographic, e move-se tateando por um vago exercício de sugestões.
Todas as vagas, quase a maior parte dispensáveis. Raptado por uma sorte de lírica ‘new age’ de chocalho, filme apenas acerta a retratar o sentimento de perda com uma falta de rigor e honestidade realmente preocupantes. É verdade que a caligrafia rota, sensível e precisa que ordena a filmografia do diretor bobina quando aparece. O olhar do rapaz que descobre a violência de seu pai, o rigor de seu amor, é capturada com uma certeza que assusta. É nesses instantes, diretos e vacinados contra o pedantismo, quando aparece a sensação de reconhecimento.