Estava na sombra. O que vimos do outro lado da grade verde que protege o jardinzinho da casa. Não havia selo nem chamador algum, assim que foi necessário bater com o cadeado para anunciar a nossa presença. Ele se virou para olhar quem tocava, mas o que saiu foi uma mulher de idade indefinida, com um véu que lhe seguravam o cabelo. Estamos à procura de don Mario. Como parte de quem?
O senhor que me acompanha está trabalhando em um relatório sobre a Operação Milagre, e queremos falar com ele. E enquanto esperamos, falamos do caos urbano daquela cidade, em que muitas casas como aquela, tinham dois endereços em sua porta. Nessa casa, além disso, tinha dois cães, um mestiço de água impossíveis de definir e de um rottweiler que se limitaram a brincadeira enquanto aguardábamos. Estava na sombra, e nu da cintura para cima.
Por isso que alcanzábamos a avistar o outro lado da grade, era um homem que aparentava a idade de 72 anos, com pouco cabelo branco e uma notória barriga. Atravessou o pequeno jardim em que todas as plantas estavam em vasos sustentadas por vasos de ferro soldado e chegou até a grade.
- Benito assistirá a um teste disfarçado de “homem das cavernas”
- 1
- Vive feliz e completamente satisfeita (Muito improvável)
- 2 Coloque a vela dourada no centro e depois ilumina as outras 3
- Dragon Ball
- 95º.- O porquê eu não mencionei ainda a Jack Kirby
- 16:19 OFICIAL | ADRIANO MOREIRA ASSINA O.
Por fim, depois de 47 anos, que tinha saído das sombras e estava de frente para nós. Abriu a grade, que gorjeou como acenando também. Entramos perguntando se os cães eram mansos e ele disse que sim. Chegamos ao pequeno vestíbulo, onde havia alguns bancos e perguntou-nos se queríamos falar lá dentro, na sala de estar.
nós Entramos, nos sentamos e começamos um bate-papo de 23 minutos e 32 segundos com Mario Terán, Salazar, o homem que matou Che Guevara. Na sala de estar de sua casa não existe um único retrato dele em seus tempos do Exército boliviano. Na mesa ao lado que fica de frente para o sofá onde se senta ele há uma foto familiar.
Lá você pode ver um Mario Terán avô, rodeado de filhos e netos, em uma evidente atitude patriarcal. Passaram 47 anos, e o sargento Terán, que se aposentou como suboficial maior e agora atende aos 72, jogue um esconderijo com as palavras. É ele. Não é ele. Verdade. Mentira. Essa tem sido sua vida desde 9 de outubro de 1967 em que aconteceu de tudo.
Por isso uma mentira, que logo em seguida é desvelada, nos tem levado a sua casa de grades verdes. As primeiras, dom Mario desmente a Granma, o jornal cubano que havia voceado o milagre: médicos da revolução devolvem a visão na Bolívia, o homem que matou o Che. Segurando calmamente o olhar, quase sem piscar, tentamos ver o soldado crouching que se sinta a pouco mais de um metro de nós, a aquele sargento da confissão por escrito. Ao ver-me, disse-me: “Você veio para me matar”. Eu me senti cohibido e baixei a cabeça sem responder.