Chapeuzinho Vermelho, A Tentação Está No Caminho

Chapeuzinho Vermelho, A Tentação Está No Caminho

Chapeuzinho Vermelho, A Tentação Está No Caminho 1

“Cuidado com o lobo! Não te demores a falar com estranhos! ”, é a mensagem mais imediata e evidente deste conto, quase uma fábula. Chapeuzinho Vermelho pertence a essa série de contos destinados a instruir as meninas que iniciam a sua saída do lar. Em princípio, ela é uma boa garota, mas quando essa bondade degenera em estupidez (ou ingenuidade), o desastre se aproxima. Chapeuzinho é punido, não só porque se deixa seduzir, mas porque confunde o malvado lobo com um bom amigo, e precisamente essa confusão entre o bem e o mal irá levá-lo ao seu terrível destino: ser possuída pelo Mal. Também o encontro com o lobo é muito diferente.

< / p>”, adverte o sábio animal. Está muito claro que o lobo é um sedutor, o homem libidinoso que quer conquistar aquela menina chegada à puberdade, como se aprecia no seu capuz vermelho. Então, o tentador, incita a que se desvia do caminho marcado e a empurra para a aventura. E assim, fazendo caso o lobo que a olha com gula (o mesmo que o adulto a olharia com luxúria) “se desviou do caminho para entrar na floresta e pôs-se a apanhar flores”. As flores são as alegrias da vida; a floresta, a sociedade; e o caminho do que se afasta, a caminho da virtude.

Por que não se come o lobo e a Chapeuzinho, nada mais vê-la? Na versão dos irmãos Grimm, porque uma vez que você conhece a fragilidade da avó e seu endereço, espera tirar proveito de ambos: “eu Tenho que fazer bem feito desde o início para caçar as duas”, diz. E, logicamente, prefere começar pelo mais rígido bocado e deixar, como sobremesa, a carne bem macia. Ai dos lobos melosos!

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O sentido sexual da história é muito evidente em Perrault. Além de tantas insinuações veladas, se aprecia o diálogo que tem a falsa avó, com a moça: “Deixa o bolo e o tarrito de manteiga em cima da arca e venha para deitar comigo, diz o lobo. A escritora norte-americana Djuna Barnes, que se sentiu tentada, como tantos intelectuais, por este conto, observa: “As crianças observam algo que eles não podem dizer; o

Chapeuzinho estejam na cama! ”. E é nessas idades se misturam emoções contrárias, pois não há que esquecer que as crianças sentem pavor, vergonha e fascínio pelo sexo. É um impulso que está dentro deles, e que nem eles conseguem explicar nem sabem como canalizar.

São os escuros fogos. Bruno Bettelheim afirma que “o perigo de Chapeuzinho é a sua sexualidade emergente, para a qual ainda não está emocionalmente maduro”. Para este psicanalista (que, em quase tudo costuma ver uma sombra adicional de complexo edípico), o lobo não é somente o homem sedutor, mas que também representa as tendências primitivas e pouco sociáveis que há dentro de nós. Assim é o texto completo dos irmãos Grimm.

As versões que têm seguido esta referência escolhem um fim ou outro; e se a isto somarmos a visão de Perrault, pode-se entender por que há tanta confusão sobre a verdadeira história de Chapeuzinho Vermelho e sua avó bienamada. José Maria Plaza é autor de obras de literatura infantil. Acaba de publicar “Eu quero ser Raúl” (Editora SM).

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Joana

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